Carpe diem: somos poeira e sombras

Nessa corrida cotidiana muitas vezes esquecemos dos pequenos prazeres que nos faziam sonhar por dias. Quase esquecemos quem realmente somos. Tropeçando por pedras ao percebemos que não nos lembramos o que somos. É até bizarro imaginar que um dia já fomos, sentimos ou pensamos diferente de agora. Que um dia parávamos horas enquanto o sol se debruçava no horizonte, beijando com seus raios por alguns instantes a linha tênue entre dia e noite. 

Agora mal paramos para contemplar a beleza singela do dia e das pequenas coisas. Tudo se tornou normal, quase sem beleza. Às vezes somente a tristeza e doença nos traz a magnitude do que é a vida. A grandeza e o nosso tamanho em comparação. 
Esquecemos de admirar as estrelas, se assustando, suspirando, ouvindo a música harmônica do cosmos murmurar ao nosso ouvido: carpe diem. 

Outro dia ao assistir Sociedade dos poetas mortos, recordei de tempos em que a leitura para mim era muito mais beleza, do que mera construção e estrutura narrativa, mais do que o funcionamento das palavras, mas algo essencialmente humano. Somos senhores em admirar os nossos sentimentos, o mundo, os outros. Mas será que estamos perdendo a linha da vida, aquela que nos guiava por entre as florestas das destruições, por meras carcaças ou superfícies falsas? O que temos feito de nós mesmos?
Ou será que só eu estou perdendo o essencial ao analisar demais as coisas e menosprezando o que sinto?  Ou será apenas confusão de mim mesma? Me desmemorio 

Frases faladas, contudo nunca ditas, sempre se espalhando ao vento e logo como saem das gargantas, desaparecendo nos redemoinhos de outras milhares... 
O que tem acontecido conosco? 
Sempre ocorreu e só porque vivo este momento, este presente, o percebo? 
Sempre existiu essa angústia de nunca se saber se realmente estamos vivendo ou não? Será que viver é o bastante? Essa lacuna sempre incompleta é a causa da fé pós morte? 
O que temos feito? 
Cada geração vive o presente, always and forever, forever young, mas nunca será o bastante.
Essa boca aberta, boca de vulcão enfurecido engole e expele larva por não se contentar com o que possui. É como areia movediça... Tragando, engolfando, engolindo e tudo que tem mais de sufixos... 
Carpe diem... Aproveite o dia. Embora nunca satisfaça. Embora isso não seja ruim. Embora as palavras se esgotem e o que reste, seja apenas som, mudez e sentimentos explodindo dentro do peito enquanto observa o mundo. 
Carpe diem. 

“Fui à floresta porque queria viver deliberadamente, encarar apenas os fatos essenciais da vida, e ver se eu poderia aprender o que ela tinha a ensinar, e não, quando eu vier a morrer, descobrir que nunca vivi. Eu não desejei viver o que não era vida, estar vivendo me é tão caro; nem desejei praticar a resignação, a menos que fosse necessário. Eu queria viver profundamente e sugar toda a essência da vida, viver tão robustamente tal qual um espartano e jogar fora tudo o que não era vida (…)”



P.S: me senti livre para escrever e inventar novas palavras. E não entenda que desdenho das pesquisas analíticas e do próprio conhecimento! Apenas quis questionar quando temos que adotar outra postura, deixando de lado a mera análise e quando temos que tentar "empatizar" com determinado tema, adentrar no fundo, o que as pesquisas também fazem, claro. Eu creio que podemos muito bem aliar as duas áreas, entretanto não podemos ser muito extremos. Sejamos sensatos!
Espero que tenham entendido. 😅

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